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segunda-feira, 24 de maio de 2010

CANTINHO DA POESIA

A Rachel me enviou este poema de Cecilia Meireles, com o seu comentário. Produzi-o em vídeo com declamação do saudoso Paulo Autran. Fala Rachel!

Acabo de ler, e de ouvir Paulo Autran declamar este poema de Cecília Meireles... e, claro, fui invadida pela emoção, q os poetas conseguem descrever, Ñ apenas sentir...ou, mesmo, só chorar.
Senti q haviam, de repente, invadido meu reservatório de sentimentos já sentidos : meu arquivo morto, das emoções, q se recusam a morrer... Não sei pq lhes dou abrigo. Ou ñ queria admitir q saiba... Faço destas coisas comigo mesma : sou humana e preciso sobreviver! E, ñ estou lhes pedindo desculpas por isto. Pago o meu quinhão em um mudo sofrimento.
Como se sentiriam, se vissem seu retrato, sendo retrato de outrém?
Senti vontade de gritar!
Estultice...
Como achar, q seria somente eu, a perder minha face, num espelho, que anseio saber qual foi ?
O pensamento inverteu-se: 'Será q fui espelho, no qual alguém perdeu sua face?'.
E, o pensamento completou-se: Será q o espelho, no qual perdi minha face, foi a face de alguém, q perdeu sua face, em um espelho, q era a minha face?

beijos,
Rachel.



Retrato- Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Um comentário:

Rosângela de Souza Goldoni disse...

"Eu não tinha este rosto de hoje"
Mas vejo através do tempo,
tempo que desiti de contar,
tempo que insiste em marcar,
que tudo passa tão rápido,
que o melhor é não lembrar.

Adoro este poema.
Ensaiei até uma resposta.
Obrigada.
Bjs