A Rachel me enviou este poema de Cecilia Meireles, com o seu comentário. Produzi-o em vídeo com declamação do saudoso Paulo Autran. Fala Rachel!
Acabo de ler, e de ouvir Paulo Autran declamar este poema de Cecília Meireles... e, claro, fui invadida pela emoção, q os poetas conseguem descrever, Ñ apenas sentir...ou, mesmo, só chorar.
Senti q haviam, de repente, invadido meu reservatório de sentimentos já sentidos : meu arquivo morto, das emoções, q se recusam a morrer... Não sei pq lhes dou abrigo. Ou ñ queria admitir q saiba... Faço destas coisas comigo mesma : sou humana e preciso sobreviver! E, ñ estou lhes pedindo desculpas por isto. Pago o meu quinhão em um mudo sofrimento.
Como se sentiriam, se vissem seu retrato, sendo retrato de outrém?
Senti vontade de gritar!
Estultice...
Como achar, q seria somente eu, a perder minha face, num espelho, que anseio saber qual foi ?
O pensamento inverteu-se: 'Será q fui espelho, no qual alguém perdeu sua face?'.
E, o pensamento completou-se: Será q o espelho, no qual perdi minha face, foi a face de alguém, q perdeu sua face, em um espelho, q era a minha face?
beijos,
Rachel.
Retrato- Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Um comentário:
"Eu não tinha este rosto de hoje"
Mas vejo através do tempo,
tempo que desiti de contar,
tempo que insiste em marcar,
que tudo passa tão rápido,
que o melhor é não lembrar.
Adoro este poema.
Ensaiei até uma resposta.
Obrigada.
Bjs
Rô
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